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'Mau perdedor', 'arrogante': imprensa critica decisão de Macron de ignorar resultado das eleições

g1.globo.com
'Mau perdedor', 'arrogante': imprensa critica decisão de Macron de ignorar resultado das eleições


Presidente francês divulgou carta em que se recusa a reconhecer a vitória da aliança de esquerda nas eleições legislativas e deixa claro que não vai nomear primeiro-ministro em breve. Emmanuel Macron-Brigitte Macron-7julho2024
O atual presidente francês Emmanuel Macron e sua esposa Brigitte Macron na cabine de votação do segundo turno das eleições legislativas neste domingo (7) - Foto: Mohammed Badra, Pool via AP
Uma carta em que o presidente Emmanoel Macron se recusa a reconhecer a vitória da aliança de esquerda nas eleições legislativas do último domingo (7) fez o presidente ser criticado pelos jornais franceses nesta quinta-feira (11).
No texto, Macron deixa claro que a nomeação de um novo primeiro-ministro, como exige a Constituição  após cada renovação do plenário, não ocorrerá em breve. 
"Emmanuel Macron é um mau perdedor" é a manchete do jornal progressista Libération, que afirma que o presidente "tenta se manter no centro do jogo, apesar da derrota de seu time". Na quarta (10), em uma carta enviada à imprensa regional, o chefe de Estado convocou "as forças republicanas" da Assembleia Legislativa da França a se unirem para formar "uma maioria sólida", da qual, segundo ele, deve sair o primeiro-ministro. 
Em editorial, o Libération afirma que no último domingo os eleitores da França passaram uma clara mensagem que não aguentam mais o macronismo, que temem a extrema direita e que há uma "tímida" vontade da volta à esquerda ao poder.
Nova granada, virar a mesa
Segundo o texto, ao invés de acalmar a crise política, o presidente lançou "uma nova granada" em forma de carta apelando pela formação de uma maioria que, diante das divisões entre os grupos parlamentares, é impossível de ser alcançada.
Para o jornal conservador Le Figaro, "Macron tentou, mais uma vez, virar a mesa". Em editorial, o diário expressa sua incompreensão com a decisão do presidente e pergunta: "O que fazemos agora? O voto dos franceses foi realmente compreendido?".
O texto reitera que, desde as eleições europeias, em 9 de junho, a França demonstra uma "poderosa rejeição" da postura do chefe de Estado, considerado "muito arrogante". Segundo o Le Figaro, a resposta de Macron não é a de um árbitro que se coloca acima da confusão, mas de "um chefe jupiteriano ditando suas condições e a conduta a ser respeitada pelas forças políticas, esperando governar sob autoridade". 
O tom é o mesmo no tabloide Le Parisien, que destaca que no apelo pela união das "forças republicanas" citadas pelo presidente francês, dois partidos foram implicitamente excluídos: o Reunião Nacional, da extrema direita, e o França Insubmissa, da esquerda radical. Ao mesmo tempo, o diário lembra que as duas legendas recolheram o voto de milhões de eleitores no último domingo e obtiveram, juntas, 225 assentos na Assembleia de Deputados. 
INFOGRÁFICO mostra como era e como fica o Parlamento da França após as eleições legislativas
Arte g1
Três dias de "silêncio total"
O jornal centrista Le Monde afirma na manchete de seu site que o "desejo de apaziguamento", evocado na carta do presidente, teve efeito contrário e "reacendeu as tensões políticas na França". O diário lembra que a mensagem escrita foi enviada pelo chefe de Estado a jornais regionais, após três dias de "silêncio total" sobre o resultado das eleições legislativas antecipadas que o próprio presidente convocou. A decisão foi tomada depois da sua decisão de dissolver a Assembleia de Deputados, devido à vitória do partido de extrema direita Reunião Nacional nas eleições europeias de 9 de junho. 
O Le Monde lembra que, em meio ao caos político na França, Macron chegou a Washington, para a cúpula da Otan "sem dar nenhuma palavra ou olhar  para os jornalistas". Sorridente e demonstrando leveza ao cumprimentar o presidente americano, Joe Biden, "o chefe de Estado francês acredita ter colocado um oceano entre ele e a crise que agita seu país", enquanto, segundo Le Monde, "aborda grandes problemas no mundo, como a invasão russa na Ucrânia".




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